terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


O 1º do ano da Graça de 2013 – by Roquete

Hello again my dears!

Ainda o Sol se estava a espreguiçar e já ele abria a porta da garagem a dizer-me:
- Vamos lá a despachar! Hoje vai ser o 1º do ano e não podemos chegar atrasados!
Atrasados!! Até parece, chegamos sempre mais cedo para eles tomarem café!! Atrasados?!? Hum…, e já viram bem as horas…?



O nascer do Sol lá em casa

Mas, está bem, se é para ir, vamos! Espreguicei-me juntamente com o Sol e lá fomos nós.
Hoje está fresquinho! O Sol vai surgindo timidamente na estrada como se estivesse a pensar se também havia de ir connosco ou não.

Até à primeira paragem foi um instante, nem deu para aquecer o motor! Foi mesmo ali no Cartaxo, no Londres. Era aí que se iriam encontrar connosco mais uns quantos amigos das duas rodas, só que estes… vêm de ferro!!! Será um passeio bem mais interessante para uma Roquete…

Porque será que os restantes clientes do café fazem um olhar estranho para eles? Bem sei que o tempo não está muuiito agradável, mas… Segundo ele está menos frio a andar de mota que parado. Se é ele que o diz, quem sou eu para duvidar.
Depois de um café, ouvem-se os restantes a chegar. E como se ouvem, pois como habitualmente sabemos de antemão que eles vêm lá, precede-os aquele intenso troar de escapes quase livres… Cumprimentos habituais depois de mais um ano e seguimos viagem pela nacional até ao próximo que aguarda ali pelo Carregado. Mais um elemento incorporado. Os restantes ferros estão na Galp à entrada de Lisboa – até calha bem que eu preciso de atestar. Quando chegamos bem vejo aqueles faróis gulosos a olhar para mim…

O Sol ficou lá pelo Cartaxo, hoje não lhe apetecia ir passear à beira mar. A caravana está composta, com os 9 elementos seguimos pela 2ª circular, Marginal, Guincho até ao Cabo da Roca – claro, onde é que queriam que fosse a 1ª do ano?

Quando lá chegamos ouvi-o contar que a 1ª vez que foram ao Cabo da Roca terá sido com uma Honda CB550Four (que fique bem claro não me causa qualquer azedume ou ciúme pois nessa altura eu ainda não existia). E que estava apinhado de motas, eh eh… deviam ser umas 7 ou 8!!!

É incrível como o espírito perdura até hoje! Sim, porque há mais ou menos 27 anos atrás uns quantos gloriosos malucos e as suas não menos gloriosas máquinas começaram a ir tomar o pequeno-almoço para aqueles lados. A ideia era um local sem pretensões onde todos se podiam encontrar para falar de tudo e coisa nenhuma ou apenas estar, chegar e partir… Os tempos e as ideias eram outros… nem piores nem melhores, apenas diferentes. Entretanto, os rumos também foram seguindo estradas diferentes. Por onde e com que mota andarão aqueles gloriosos? 

Apesar de ser uma romagem criticada por alguns, é com agrado e alguma emoção, que se vê que um projecto onde se partilhou os primeiros passos, foi sendo alimentado pelo pulsar de outros, está de saúde e recomenda-se.

Foi a 1ª vez ao fim de 25 anos que lá voltaram e fui eu que os levei…



A chegada




Uma passeio pelo local



Oh pra esta: olhem para mim!!!! rodeada de ferros…

Enquanto foram ao café, nós ficamos á conversa. Cada um contando as suas aventuras, passeios, velocidades, cavalos, grandes conquistas e feitos do asfalto!!! Aqueles faróis cada vez mais arremelgados e a babarem do karter… E, porque não fica bem a uma lady realçar os seus atributos, nem segredei ao filtro de ar daqueles ferros, que tenho… e que também tenho… senão ficavam completamente desorientados e a bater mal daqueles pistões!

Bom, mas vamos deixar de conversas, que eles aí estão e ‘bora lá a arredondar pneu. Passamos pela Praia das Maças e Janas directos ao almoço em Cabiz. Depois foi o passeio de volta para casa – Lisboa novamente, pela EN até ao Cartaxo onde ainda paramos (já de noite) para mais conversa e uma garrafa de água… eu acho que era de água?! Eu só bebo água… portanto devia ser água.

E lá se despediram, horas de voltar a casa, para 1ª do ano não esteve nada mal. Eu cá até fiquei um pouco zonza, como podem certamente compreender com tanto ferro á minha volta ainda tenho a cabeça do motor à roda…

Com um suspiro, entrei na garagem, boa noite e até à próxima…

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A apresentação

A apresentação - by Roquete

Dears sirs,
Permitam-me que me apresente e que também vos conte algumas histórias. Não consigo compreender como ninguém nos questiona. Gostam de nos ouvir, mas não nos dão voz… 

Sim porque sem mim e outras semelhantes, ninguém teria viagens, relatos, sensações, paixões, nem aquele sentimento inexplicável de profunda liberdade, como quem vive num limbo entre o céu e a terra!


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Eu sou a voluptuosa Roquete (só para os amigos), e sou a mais poderosa descendente de uma família antiga e venerada, a real Triumph.

Funciono a 3 cilindros, tenho 2,5 metros de cumprimento, 320 kg a seco, 2300cc, 142cv e um binário de 20,4 kg.f às 2.500 rpm. Nasci no país do nevoeiro e da chuva, e por lá andei. Quando me disseram que vinha para um paraíso de Sol, só conseguia imaginar as estradas sorridentes por onde iria deambular. 

De momento vivo na garagem dele e da outra, numa aldeia sossegada, onde o ruído mais estridente é o grito de alguma, rara, águia que risca os céus ou os latidos dos peludinhos que também por lá habitam.

Vamos sempre os três e já tive o prazer de os levar a diversos locais destas paisagens. Gosto deles porque são como eu. Não vamos para lá chegar, vamos apenas por ir… Por isso os nossos passeios são sem destino, sem GPS, sem almoço marcado nem locais de relevância para visitar – apenas alcatrão! E de preferência do bom!

Isto faz-me lembrar um passeio para os lados de Penela, com outro amigo e a sua Barbie, em que estava previsto irmos visitar uma nascente no meio de uma serra. Até aí tudo bem. O caso ficou mais escuro quando deparamos com um estradão e não uma estrada. Do alto dos meus cavalos disse: “Isto faz-se bem!”. A subida acentuou-se significativamente e o caminho mostrava as marcas deixadas pela chuva do Inverno. Rasgos profundos na terra onde tinham colocado areia e cascalho solto. Pois é, com o meu peso (leve) e mais os quilitos dele e da outra, comecei a sentir o terreno a ceder… Valeu-me a peseira, o tubo de escape e as malas, que suportaram o peso. Ele ficou de pé, a outra fez meia pirueta com enrolamento à retaguarda numa perfeita demonstração de ginástica clássica.
Depois… deram-me uma ajudinha para me endireitar, sacudir o pó e estacionei mesmo ali para compor a minha beleza (porque uma dama nunca sai desarranjada). Lá voltamos para trás e continuamos caminho. Entretanto ele exclama: “eu bem me queria parecer que isto não é uma trail”.
Doeu… doeu quando ele se referiu a mim como “isto”. Já se tinha esquecido dum outro passeio anterior onde tive que mostrar às outras Barbies que foram connosco, como uma Roquete faz as curvas da Serra da Lousã… com muito estilo e sensualidade! Aí, ele gostou! Com toda a minha dimensão, contornar aquelas curvas não é fácil, mas ele soube-me convencer. E eu, que nem contorcionista de circo, dei-lhe um dia magnífico.

Saímos cedo e voltamos a casa no fim do dia, eles aconchegam-me a capa e dizem: “Boa noite, até à próxima!”


Nota:
Foto gentilmente cedida por um amigo que tem uma Barbie, mas ele qualquer dia conhece a luz Like a Star @ heaven